
ENTRE CLÁSSICOS DO JAZZ E BOAS DOSES DE HUMOR, TEXTO ABORDA EXPECTATIVAS E SURPRESAS DA VIDA NESTE MUSICAL INTIMISTA, COM FELIPE HINTZE, CAMILLA CAMARGO, MARCUS VERISSIMO E NANDO PRAHDO NO ELENCO
A vida seria muito mais fácil se, junto com a nossa certidão de nascimento, viesse o roteiro pronto de cada cena da nossa história. Será? “Aqui Jazz“ é um musical fora do padrão, literalmente. Musicalmente, ele não segue um roteiro monolítico, pronto e fechado. O espetáculo se inspira no jazz e no improviso das jam sessions como linguagem para abordar questões sobre relações familiares e as escolhas cotidianas que fazemos, capazes de mudar completamente o rumo da nossa trajetória.
Giovani Tozi assina a dramaturgia e a direção, além de produzir a nova montagem, que estreia no dia 2 de agosto no Teatro Itália. A sala de espetáculos não poderia ser mais adequada ao tema: o Edifício Itália abriga o icônico Terraço Itália e o bar de jazz The S, que recebe diariamente grandes nomes do jazz nacional. Unindo-se à tradição do local, Aqui Jazz propõe uma experiência imersiva. Já no saguão do teatro, o público será recepcionado por músicos improvisando clássicos de Louis Armstrong, Ella Fitzgerald e Benny Goodman. E para quem aprecia bons encontros, o saguão do teatro também será palco de um bar criado especialmente para a temporada, com doses de whisky e bourbon a preços gentis, e, vez ou outra, um gole por conta da casa.
‘Aqui Jazz’ nasceu do acaso, e, se tem uma coisa que eu respeito, são os acasos. O elenco e a banda se reuniram no início de 2025 para os ensaios de outro espetáculo. O processo foi difícil e, em um dos momentos mais críticos, fui amparado pelos atores e músicos de uma forma profundamente comovente. Em tempos em que o artificial coloniza as inteligências, vi esse grupo criando coisas muito especiais, fora do previsto, mas com uma conexão emocional genuína entre eles. Como um bom improviso de jazz”, comenta Tozi sobre a motivação da montagem.
O espetáculo “O Livro Vivo”, também escrito e dirigido por Tozi, percorreu cinco cidades do interior de São Paulo e, segundo ele, foi o embrião do que se apresenta agora em Aqui Jazz. Sobre a dramaturgia, Tozi revela: “Minha primeira formação é em Comunicação. Sempre gostei muito de escrever e, durante a pandemia, me reconectei com esse lugar. Minha principal motivação será sempre o ser humano. Aqui Jazz é meu oitavo texto teatral. E em todos eles me inspirei profundamente nos atores que, em tese, estariam nos papéis. É inevitável. Quando sei da possibilidade, começo a escutar a voz do ator dizendo as falas enquanto escrevo, especialmente os monólogos. Escrevi Não Se Mate para o Leonardo Miggiorin; os ainda inéditos Tá Lindo, para Leandro Lima; e Bet Balanço, para Érico Brás. Aqui Jazz também foi escrito pensando neles”.
Aqui Jazz é um musical intimista que narra de forma épica a trajetória de Gésio, ou Jazzinho, interpretado por Felipe Hintze, como passou a ser conhecido depois que os pais decidiram que o filho seria a “nova lenda do jazz”. Um homem comum, que nunca se sentiu à altura do que esperavam dele ao crescer cercado pela expectativa de se tornar esse gênio musical. Entre frustrações e acordes mal afinados com o passado, Gésio embarca numa jornada que mistura música e encontros, reunidos num bar, que parece flutuar entre memórias e eternidade, ele reencontra sua família e revisita escolhas, afetos e frustrações.
Falar sobre a finitude da vida na arte atinge a plateia por completo. Instigar e investigar como cada um lida com isso também engloba os temas do Aqui Jazz. Tirando um ‘Z’, tudo muda. E, sabendo dessa finitude, o que você tem construído na sua vida que deixará como legado? Precisa ser algo considerado grandioso pela sociedade? Os fatos que acontecem na nossa vida nos definem e ajudam a construir nossa trajetória. E o modo como lidamos com esses fatos também. O olhar do meu personagem para a vida é muito bonito e poético, pois mesmo sem ter talento para o jazz, ele insiste, ele gosta. A família é muito importante na construção do nosso caráter. Esses valores, o Jazzinho leva pra vida. Tivemos reações muito bonitas nas plateias que assistiram os previews. Esperamos impactar muitas pessoas”, conta Hintze.
A história de Jazzinho começa antes mesmo de seu nascimento, quando sua mãe, Marina (Camilla Camargo), uma renomada cantora de jazz, se vê dividida entre duas paixões à primeira vista: Milton (Marcus Veríssimo), um artista, e Valentim (Nando Pradho), um economista. Camilla Camargo vem de uma família marcada profundamente pela música. Filha de Zezé Di Camargo, um dos maiores nomes da música sertaneja brasileira, e irmã da cantora pop Wanessa Camargo, cresceu cercada por melodias, palcos e histórias de superação. Seu avô, Francisco Camargo, imortalizado no filme “2 Filhos de Francisco“, foi o grande incentivador da carreira musical dos filhos, enquanto seu tio Emival formou com Zezé a primeira dupla da família, antes de falecer tragicamente.
Essa herança artística está no DNA de Camilla, que há anos traz sua sensibilidade para o teatro. Sobre sua relação com o jazz, a atriz revela que, apesar de sempre ter vivido muito próxima da música e ser bastante eclética, nunca teve um envolvimento direto com o estilo. “Já frequentei shows de jazz, conhecia alguns intérpretes, mas foi através da peça que o jazz entrou de verdade na minha vida.”. Quanto ao repertório do espetáculo, ela destaca três músicas especiais por motivos diferentes: “Big Spender” e “Maybe This Time”, que sempre sonhou cantar após participar de um musical em que não teve a chance de interpretá-las; e “Bang Bang”, que a conquistou de forma definitiva. “É a música que mais me toca e mais amo cantar no espetáculo, por causa da harmonia que ela tem”, completa.
“Um musical fora dos padrões” é assim que o diretor Giovani Tozi define Aqui Jazz. Para ele, quando pensamos em musicais, nossa referência imediata costuma ser o modelo Broadway, que há décadas ocupa um espaço relevante no cenário brasileiro, especialmente no eixo Rio-São Paulo. Em contraponto, outras produções autorais, biográficas ou de menor formato utilizam a música como trilha, comentário ou apoio à cena. Aqui Jazz propõe algo diferente: o piano e a bateria estabelecem um diálogo vivo com a narrativa. As canções, embora fundamentais para a dramaturgia, são apenas uma parte da experiência. Entre uma música e outra, os diálogos e cenas são como telas em branco, prontas para serem preenchidas pelo improviso e pelo encontro único com o público. “Uma jam session! O espetáculo é um brinde ao acaso e à efemeridade que só o teatro oferece”, resume Tozi.
Orquestrando essa jam session, Marcus Veríssimo (que, além de atuar, também toca trompete e gaita) assina a direção musical de Aqui Jazz. Ele conta que a experiência tem sido extraordinária: “Fazer a direção musical foi incrível. Giovani Tozi chegou com uma proposta musical muito instigante, e tivemos a sorte de contar com músicos completos: Rafael Gama, que é pianista e arranjador; e Grabriel Ferrara que é baterista, guitarrista e violinista. Além de excelentes instrumentistas, são criativos, ligados ao teatro, chegam sempre preparados e trouxeram arranjos e ideias que admiro profundamente”. Marcus também destaca o trabalho dos colegas de elenco: “Os atores que cantam em cena já chegaram com suas músicas prontas e vozes lindas e potentes. É emocionante trocar com eles, cantar junto, aprender”. Para ele, o jazz é sinônimo de coletivo e liberdade criativa, mas uma liberdade que exige escuta, responsabilidade e entrega: “Jazz me lembra essa vontade de aprender o tempo todo. Me faz querer ouvir boa música, lembrar das misturas que criaram esse ritmo e entender o jazz como um modo de vida, uma herança viva que seguimos honrando”.
Além do jazz, o espetáculo aborda temas sensíveis do mundo contemporâneo, como o bullying e o abandono parental. Nando Pradho dá vida a diferentes figuras que atravessam a trajetória de Jazzinho, guiado por uma lógica onírica. Como a peça se constrói a partir das memórias, ou talvez dos sonhos, do protagonista, todos os personagens que o ameaçam ou o confrontam aparecem com o mesmo rosto, o do pai ausente, interpretado por Nando. Reconhecido como um dos maiores nomes do teatro musical brasileiro, Nando Pradho estrelou grandes espetáculos da Broadway. Em Aqui Jazz, tem a oportunidade de explorar um outro território, mais intimista e autoral, onde a presença constante do autor e diretor nos ensaios permite que o roteiro seja ajustado com a colaboração criativa dos atores.
Aqui Jazz é uma celebração da vida com muito jazz, humor e emoção para enfrentar as adversidades do caminho. “A vida é que nem o jazz, cheia de improvisos.”, diz Felipe Hintze, que interpreta o protagonista. “Nosso espetáculo vai contando a história desse menino que foi prometido como a nova lenda do jazz, mas que não tem talento pra isso. O quanto a gente faz só pra agradar quem ama? Como um gesto pequeno pode definir uma vida inteira? E, no fim, você fez mesmo o que queria?” Com leveza e bom humor, o espetáculo convida o público a refletir sobre essas perguntas, e a improvisar, como num bom solo de jazz.
FICHA TÉCNICA
ELENCO
Felipe Hintze
Camilla Camargo
Marcus Verissimo
Nando Prahdo
Músicos
Gabriel Ferrara
Rafael Gama
CRIATIVOS e PRODUÇÃO
Texto e direção – Giovani Tozi
Assistência de Direção – Letícia Calvosa
Direção Musical – Marcus Verissimo
Arranjos – Rafael Gama
Preparação Vocal – Rafa Miranda
Coreografia – Dani de Lova
Desenho de Luz – Cesar Pivetti
Figurinos – Fábio Namatame
Cenografia e Desenvolvimento de Conteúdo de Projeção – Giovani Tozi
Cenotécnico – Evas Carretero
Fotografia – Priscila Prade
Direção de Arte Gráfica – Giovani Tozi
Redes Sociais – Gigi Prade
Assessoria de Imprensa – Fernanda Teixeira, Macida Joachim e Maurício Barreira – Arteplural; Laura Castro – Vira Comunicação
Preparação de Atores – Inês Aranha e Luiz Damasceno
Visagismo Elenco – Ronalda
Operadora de Som – Barbara Frazão
Administração Financeira – Carlos Gustavo Poggio
Assessoria Jurídica – Martha Macruz
Produção Executiva – Thomas Marcondes
Idealização – Giovani Tozi
Realização – Tozi Produções

SERVIÇO
TEMPORADA: De 28 de julho a 1º de setembro | 08, 15, 22 e 29 de setembro | 06 e 13 de outubro de 2025
LOCAL: Teatro Itália – Av. Ipiranga, 344, República – São Paulo
DIAS e HORÁRIOS: Sáb às 21h | Dom e Seg às 20h
Extras: Seg às 20h
DURAÇÃO: 90 minutos
CLASSIFICAÇÃO: 12 anos
INSTAGRAM: @aquijazzzz
VENDAS (on-line com taxa): sympla/aquijazz
VALORES: R$ 100 (inteira) + R$ 15 (taxa) | R$ 50 (inteira) + R$ 7,50 (taxa)
VENDAS (presencial sem taxa): Bilheteria do teatro aberta 2h antes do evento